Para saber mais
No processo de construção identitária, a criança e o adolescente constroem sua autoimagem, seus valores, sentimentos e opiniões e, a partir disso, diferenciam-se dos outros. E as mudanças físicas/biológicas que vão ocorrendo no decorrer do seu desenvolvimento também exercem influência sobre sua autoimagem e em como os outros os percebem.
A adolescência, por exemplo, está vinculada a um momento de socialização e construção identitária, rico em possibilidades de descobertas, mudanças, experimentação de papéis, novas experiências, condutas e situações sociais (DORON; PAROT, 2000; ERICKSON, 1976; OSÓRIO, 1992). Este período da vida é compreendido como uma passagem da dependência infantil à autonomia adulta, caracterizada por transações afetivas relacionais, sociocognitivas, sexuais, identitárias e normativas, de separação e individuação, de luto e desilusão, de desejo e prazer (SELOSSE, 1997).
Segundo Preto (1995), a autonomia na adolescência é uma construção de trajetória própria que envolve novas responsabilidades visando à inserção na vida adulta. Este processo implica em um desequilíbrio familiar, o que requer da família adaptação e a capacidade de compartilhar com esse adolescente, que passa a ocupar diferentes papéis e também novos direitos e deveres. “Autonomia não significa desconectar-se emocionalmente dos pais, mas significa na verdade que um indivíduo não é mais dependente dos pais em termos psicológicos, e que tem mais controle sobre a tomada de decisões em sua vida” (p.229). Por isso, a busca de identidade na adolescência não requer uma ruptura com os pais, mas uma renegociação entre eles e seus filhos. Neste processo de construção da autonomia, as famílias precisam flexibilizar suas fronteiras familiares para incluir a independência dos filhos, de modo a permitir ao adolescente movimentar-se para dentro e para fora do sistema, deixando-o pertencer à família, mas, ao mesmo tempo, podendo vivenciar outros pertencimentos (CARTER;