Para que serve a psicanálise
Muito se fala sobre a obsolência da psicanálise nos dias de hoje, como todo aparato tecnológico e valores completamente diferentes daqueles de quando surgiu a psicanálise. Isso é uma inverdade, uma vez que as tecnologias evoluíram mais para o lado da comunicação do que da automação o trabalho, como se era esperado em tempos passados.
Na contemporaneidade parece ser no anseio de criar laços, de comunicar-se, que o homem aspira a encontrar a salvação para as suas dificuldades e, sobretudo, para o seu desamparo.
Foi a inquietação da falta, vivida na contemporaneidade como falta de amor, ou insatisfação sexual, que deu origem à invenção da psicanálise. Logo cedo, Freud se deu conta que o tratamento para isso se passava pela fala. Diante dos inúmeros sintomas decorrentes do mal de amor, que constitui a tônica do mal estar da atualidade, a psicanálise apresenta-se como opção para tratar dessa questão.
Muitas vezes só se recorre a psicanálise depois de inúmeras tentativas fracassadas de suprir o mal. A psicanálise vem como uma estratégia para tratar desse vazio que na maior parte do tempo traduz-se por falta de alguma coisa ou falta de alguém. Sua intenção não é de saná-lo. O vazio é impossível de ser sanado, mas cabe ao psicanalista encontrar meios menos nefastos de abordá-lo.
O que pode ser alterado é a maneira como vivemos a experiência da vida, a posição que ocupamos ao nos defrontarmos com a falta daquilo que supostamente nos faria completos.
O que nos rege não é o instinto propriamente dito, mas algo que Freud chama de pulsão. Isso quer dizer que, se não temos um acesso direto e objetivo às