Paper 1
“Todos os problemas da alfabetização começaram quando se decidiu que escrever não era uma profissão, mas uma obrigação, e que ler, não era sinal de sabedoria, mas de cidadania.“
Emilia Ferreiro
A escrita no mundo e a escrita na escola
O acesso à escolarização é visto, de um modo geral, como uma grande conquista democrática, porém, ao analisarmos profundamente as condições de ensino oferecidas à população em geral, podemos observar que o escola, com suas práticas peculiares de exclusão, reforça sentimentos de inferioridade e não favorece a construção do cidadão.
No recorte específico da alfabetização e letramento, um exército de crianças passa pelos bancos escolares por anos e finaliza seu percurso incapaz de ler ou escrever (com diferentes graus de dificuldade), e colocados à margem, ainda são responsabilizadas pelo seu próprio fracasso.
Ao compreendermos a vitalidade da Língua Escrita, podemos observar que, na escola, ela é tratada como um objeto inerte, que pode ser dissecado, reorganizado “didaticamente”( do simples para o complexo) e apreendido através de técnicas específicas. Esse descompasso entre a Língua viva do mundo e a língua escolarizada, gera uma série de sub-produtos de práticas excludentes que penalizam o aluno e contribuem para a não aprendizagem.
Nos processos de leitura e escrita, mais do que a relação do sujeito com um objeto estático, o sujeito se relaciona com o outro sujeito, co-partícipe nesse processo de construção de sentido. Ler e escrever é uma experiência discursiva com os discursos alheios, então, a dimensão sociocultural da linguagem não pode ser ignorada, com o risco de tornar a língua artificial e vazia de interlocução.
Ao pensarmos na Língua no mundo, os individuas e suas práticas discursivas precisam ser consideradas para que as práticas pedagógicas façam sentido para eles. A escola deve buscar no mundo os usos sociais reais da escrita e leitura e promover um ensino contextualizado e pleno de sentido