Papel pedagógico da Comissão da Verdade
Apesar de todas as suas limitações, a instalação da Comissão da Verdade no dia 16 de maio de 2012, foi um marco importante na construção da democracia no Brasil. Dos países latino-americanos que passaram por ditaduras militares nos anos 1970, o Brasil é o país mais atrasado no tocante aos ajustes históricos a serem feitos com o período repressivo.
Por Dennis de Oliveira
O problema mais visível é o esclarecimento de situações que envolvem vítimas da repressão política que até hoje se desconhece o paradeiro. Decorrente disto, a visibilização de agentes que atuaram na repressão política, muitos deles atuando hoje sem qualquer tipo de condenação, ainda que moral.
A questão que se coloca aqui não é o temido “revanchismo”, mantra repetido pelos segmentos conservadores e por parte da mídia hegemônica. Mas sim o ajuste de contas com um período em que a prática política da violência tornou-se central. Relevar este problema tem consequências implícitas graves na atualidade, uma delas é a manutenção de uma tolerância com a violência nas práticas políticas e de agentes públicos.
Em outro post, comentei sobre como o racismo e o desrespeito aos direitos humanos continuam vigentes nas tropas policiais, evidenciados pelo crescimento do número de pessoas mortas por agentes da polícia, principalmente fora de serviço, e o perfil sócio-racial destas vítimas. Os aparelhos repressivos vitimam, atualmente, não presos políticos, mas pessoas da periferia e sem visibilidade na grande mídia.
Já neste post, em que avaliei que a postura da Polícia Militar na invasão do campus da USP no ano passado foi marcada por truculência e desrespeito aos direitos humanos, recebi várias críticas de leitores sendo que um deles chegou a me chamar de “idiota que nunca deve ter corrido qualquer risco na vida por alguém” querendo julgar “quem arrisca sua vida e de seus familiares por vagabundos, malandros, bandidos e desordeiros”.
A desqualificação do