Panóptico
O autor apresenta o panóptico como polivalente em suas aplicações, podendo ser usado emendando prisioneiros, instruindo alunos em escolas ou qualquer outro tipo de estabelecimento onde é preciso manter certa vigilância sobre as pessoas. Isso porque nessas condições, o esquema panóptico não tem a função de interfirir, e sim exercer espontaneamente e sem ruído seus efeitos em cadeia de pressão e vigilância.
Para Foucault, a idéia do panóptico é capaz de reformar a moral, revigorar a indústria, difundir a instrução, pois consegue relacionar o poder às funções que precisa controlar, estabelecendo uma relação direta entre “mais-poder” e a “mais-produção”. É um dispositivo funcional capaz de deixar o exercício do poder mais leve e eficaz, por meio de sutis coerções disciplinares que vão se tornando cada vez mais evidentes.
A princípio, cabia a discplina o papel de neutralizar os perigos, evitar inconvenientes e agora lhes atribui o papel de aumentar a utilidade do indivíduo. Esse momento é marcado para Foucault como a “inversão funcional das discplinas”, e tem grande importância na idéia arquitetural do panóptico pois cria a idéia de que uma unidade disciplinada é aquela que terá uma majoração de forças, de produção, de rendimentos. O autor alerta para a moralização de conduta que essa idéia modela e também para as ramificações dos mecanismos disciplinares. Os mecanismos de disciplina se desinstitucionalizam e passam a criar formas de controles laterais. O autor cita o exemplo da escola, que passa a exercer não apenas a vigilância sobre o aluno mas também sobre o seu lar, como é a disposição dos pais na hora de dormir, o ambiente onde o filho é criado e outros elementos que podem influenciar na formação de um indivíduo que compactue de certo comportamento e moralidade.