Palhaço
Campinas - 2006 ISBN 978-85-61621-00-1
A arte do riso: Cantinflas e Mazzaropi como “tipos” nacionais
Aline Boldrin Beltrame* Trata-se de uma proposta de análise que se situa na confluência da cultura popular e da cultura de massa, envolve a relação entre cinema e história. Seguirei o percurso de dois comediantes latino - americanos a fim de entender como os tipos nacionais que eles criaram se inserem nos processos de modernização de seus países de origem e de que forma contribuíram para afirmação de identidades nacionais nos respectivos países México e Brasil. Cantinflas, o peladito mexicano, personagem de Mario Moreno Reyes bem como o caipira paulistano personagem de Amacio Mazzaropi foram ícones populares entre as décadas de 1930 e 1960. Os dois realizaram aproximadamente 80 filmes no total e durante mais de 30 anos foram sucesso de bilheteria. As duas personagens têm origem no circo, no teatro de revista e outros espetáculos mambembes. Gerações inteiras de artistas representaram tipos semelhantes antes deles, o que permite situá-los numa tradição popular. Ambos iniciaram e consolidaram suas carreiras durante o período de modernização e urbanização pelo qual passaram os dois países que até então se caracterizavam como predominantemente agrários. Os filmes selecionados mostram como as duas personagens viviam, se movimentavam num cenário de mudança às quais tinham dificuldade de se adaptar, mostrando situações de exclusão social, injustiças e preconceitos. O mexicano representava no ambiente urbano o paria social em suas várias faces: o vagabundo, o órfão, o subempregado, o analfabeto e outros tipos característicos da nova metrópole – a Cidade do México. Assim, os embates vividos por ele quase sempre se referiam às relações de poder entre patrões e empregados ou entre ricos e pobres. A cidade era, neste caso, o lócus de ação da personagem. A critica explicita nos filmes refere-se às condições sociais