padua
Quando o pensamento político passou a ocupar-se da destruição da natureza no Brasil? Esta parece ser a indagação que animou a pesquisa, a redação da tese de doutoramento e a publicação do livro de José Augusto Pádua, Um sopro de destruição.Um estudo do pensamento político brasileiro entre 1786 e 1888, última centúria do regime de trabalho escravo na América portuguesa e no Império do Brasil. Como o pensamento político brasileiro tratou a destruição da natureza? Como crítica ambiental, tal e qual nos sugere o autor, ou crítica econômica, como também ele deixa entrever em alguns momentos nesse livro? É possível falar em uma problemática ambiental no Brasil dos séculos XVIII e XIX? Esta questão emergiu como ameaça à sobrevivência da humanidade pela acelerada e incontida degradação ambiental, observada com maior nitidez a partir da década de 1960. José Augusto Pádua incorreu, então, em anacronismo em suas análises do passado?
Não devem pairar dúvidas. Temos em mãos um livro grandioso. Um sopro de destruição é um trabalho investigativo de muitos méritos. Como pesquisa social? Indiscutivelmente, mas portador de fragilidades notáveis, na perspectiva do historiador, com problemas de enquadramento no foco da História. Igualmente, o livro se converte em instrumento elucidativo pelo que revela sobre as dificuldades no exercício da arte, no trabalho do historiador. Não há razão para que os historiadores não encontrem nele uma referência indispensável e uma estimulante fonte de inspiração e desdobramentos para novos estudos.
O que salta aos olhos, sem dúvida alguma, é a própria realização da pesquisa. A temática ambiental viceja, aqui e ali, na nossa historiografia passada e recente. Os meios de comunicação têm contribuído para tornar o assunto mais presente e cotidiano, traduzindo um pouco da própria realidade do