padre vieira
“VIEIRA OU A CRUZ DA DESIGUALDADE” de Alfredo Bosi (dialética da Colonização, São Paulo, Companhia das Letras, 1992), destaca o papel social e político desempenhado por Padre Antônio Vieira, nos tempos do Brasil colônia, através de uma retórica religiosa. Astuto, persuasivo, visionário e porque não dizer, pragmático, Padre Vieira usava de seus sermões para divulgar a doutrina cristã, e também para discutir questões morais e sociais envolvendo a sociedade de sua época. É assim que Vieira, pretendendo influenciar nos destinos do reino escreve o Sermão de São Roque. Atento ao progresso de outras nações europeias buscava o religioso que a nobreza deixasse de lado o néscio, a santidade paralisante e se lançasse ao desafio de transformar Portugal em uma potencia política. No sermão de São Roque, Vieira nos fala das falsas aparências, do uso de remédios amargos para a cura de males. O vernáculo é dissimuladamente forjado para fazer com que a Coroa Portuguesa deixe de lado os escrúpulos religiosos e faça uso do dinheiro dos novos cristãos (judeus convertidos) em prol da criação da Companhia das Índias Ocidentais, “espécie de empresa” necessária ao desenvolvimento do comércio português, o que de fato ocorreu sob a égide do Rei D. João IV. Já no Sermão da Primeira Dominga de Advento, pregado na Capela Real, em 1650, Padre Vieira fala sobre a necessidade de revisão de valores sociais e culturais. Questiona os requisitos usados para se identificar a nobreza; as desigualdades sociais sacramentadas pelo nascimento, e que impediam o homem de ascender socialmente etc. O homem, segundo Vieira descreveu, era fruto de suas ações, e seu prestígio, sua aceitação na sociedade deveria ser mensurada pelos atos que ele praticava. Convencido das injustiças sociais, nos Sermões de Santo Antônio, o Padre usa da retórica cristã para tentar persuadir o clero