Padre Antônio Vieira Como agente da colonização
Fé e Estado nem sempre estiveram desassociados em suas intenções, pelo contrário, completavam-se perante seus súditos e crentes na obediência dos seus deveres, deveres cristãos. Desde a formação de Portugal, seu Rei foi o defensor da fé e responsável, assim como a Igreja, por expandir o Evangelho. Tal fato é afirmado por inúmeros episódios como no “milagre de Ourique”. Uma lenda popular e da historiografia portuguesa da Idade Média relatam que o primeiro rei de Portugal, Afonso Henrique, antes de começar a batalha contra os mouros teria recebido a visita do próprio Cristo que transmite a responsabilidade de estabelecer-se no Rei e em sua descendência o futuro da nação. A descoberta da América era vista como um sinal dos céus, um paraíso terreal, onde os eleitos desfrutariam da justiça divina, uma indicação do juízo final esperado pelos cristãos. Depois dos primeiros contatos com os povos nativos percebesse a necessidade de levar a esses seres humanos a evangelização, pois viviam em ignorância e como começou a ser divulgado no final da Idade Media, a “ignorância é a fonte dos pecados”¹. A América não era mais um paraíso, mas uma parte do mundo onde os ensinos de Jesus ainda não tinham chegado. Era, por tanto, dever do Estado e da Igreja promover a evangelização nessas terras catequizando os nativos e cuidando da alma dos colonos que iriam desbravar esse novo território para a Coroa. Uma das representantes mais atuantes e influentes da Igreja na Colonização Portuguesa e especificamente, nesse trabalho, na colônia portuguesa que futuramente seria o Brasil, foi a Companhia de Jesus. Sua missão era a propaganda e exemplificação da vivência pela fé, a prática da caridade, a importância do estudo, a obediência e o progresso das almas. (...) tudo o que o atual Romano Pontífice e seus demais sucessores ordenarão como pertinente ao progresso das almas e à propagação da fé e a qualquer país nos