Outsiders - Resumo
A área denominada “desvio” não é uma novidade proposta pela obra; anteriormente outros pesquisadores já haviam feito abordagens a respeito do tema. Howard Becker frisa, no entanto, a diferença capital entre Outsiders e os outros trabalhos; sendo uma das principais distinções a forma da escrita: “muito mais clara que o texto acadêmico usual”. De fato isto a torna mais compreensível e menos enfadonha se tivermos em vista o público a que ela se destinou na época: os jovens estudantes universitários norte-americanos. Outro fator de distinção é que metade da obra é composta por detalhados estudos empíricos, com tópicos atraentes para os novos acadêmicos, deixando em segundo plano as teorizações mais abstratas.
A sociologia passava por um período de reformulações, onde suas estruturas teóricas eram criticadas e reavaliadas. No início dos anos 1960, os sociólogos se empenhavam em estudar o crime e outras formas de transgressão, e perguntava-se o que levava as pessoas a violarem normas de socialização. As principais teorias do período dividiam-se em duas vertentes: uma dizia que a “culpa” era da psique dos indivíduos, apresentando falhas na personalidade que os levavam a tais comportamentos. A outra apontava para as condições sociais, que impossibilitavam setores da sociedade alcançar o “sonho americano” de mobilidade social; contidos pela falta de acesso à educação, recorriam ao crime como “método desviante de mobilidade”. A veracidade destas teorias, entretanto, era contestada pelos sociólogos de uma nova geração, inconformados e mais críticos em relação às instituições sociais da época; descrentes na infalibilidade do sistema judiciário, que apontava todos os “criminosos” como pessoas más. Na busca por embasamentos teóricos, diversos desses estudiosos encontraram na abordagem marxista respostas para os efeitos patológicos do capitalismo.
O autor se coloca entre o grupo dos que buscaram o respaldo em teorias fora de moda, na época ofuscadas pelo que era