Outros Critérios
Leo Steinberg
1968
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(em STEINBERG, Leo. Outros Critérios – confrontos com a arte do século XX.
[trad. Célia Euvaldo]
São Paulo, Cosac & Naify, 2008)
Duas vezes em dez anos - período movimentado para a pintura norte-americana - Fortune, a revista "para aqueles que precisam pensar e agir a longo prazo", dirigiu-se aos negócios da arte.
Os dois artigos estão hoje tristemente ultrapassados, mas ambos eram artigos de fé, e o que ainda interessa é a mudança de estilo, a transformação no tom parcialmente subconsciente do primeiro para o segundo, de setembro de 1946 a dezembro de 1955. 2
O autor do primeiro artigo, embaraçado em face de um tema que julga remoto, usa o relato de viagem como modelo estilístico. Ao descrever a rua 57 de Nova York, escreve como alguém que esteve viajando pelo estrangeiro e agora retorna com uma bagagem de histórias exóticas. “Há muitos costumes curiosos a serem observados entre os habitantes dos bairros artísticos", começa.
E conclui com uma advertência contra aquilo que é "um dos bazares mais astuciosos e sutis do mundo". O modelo estilístico para o segundo artigo é o relatório do mercado de ações. A linguagem do autor aplica-se não à distância psíquica do tema, mas à sua familiarização. A metáfora do começo ao fim é “a moeda forte da arte” o objetivo, elevar-se acima de sentimentos ordinários, eliminar as associações banais das belas-artes com a cultura, os estrangeiros, a filantropia e os clubes de senhoras. Aprendemos, em relação a um determinado período, que “a General Motors se deu um pouco melhor do que Cézanne, mas não tão bem quanto Renoir", Um Vermeer recentemente
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Baseado numa palestra proferida no Museu de Arte Moderna de Nova York em março de 1968. O trecho final do presente ensaio apareceu em Artforum, mar. 1972. (Este ensaio foi publicado anteriormente no
Brasil em G. Ferreira e C. Cotrim (orgs.), Clement Greenberg e o debate crítico, trad. Maria Luiza X. de A.
Borges. Rio