Oscar
Niemeyer tem sido alvo de projetos editoriais como este por diversas razões. Entre elas, a sistemática produção de pensamentos e desenhos, que formam uma espécie de realização paralela à carreira oficial. Corona reuniu o material desde o primeiro momento em que conheceu Niemeyer, há 60 anos. A partir de então, atuou como incansável tomador de notas, sempre atento a pequenas frases ou mesmo rabiscos que, nas mãos de Niemeyer, se transformaram em projetos de arquitetura.
Nesse tipo de diário de bordo, depoimentos acabam criando um ambiente de época; parecem resgatar do tempo fatos com vivacidade expressiva. No capítulo 'A Origem', Corona relembra, por exemplo, a primeira aula que teve com Niemeyer. O universo também 'conspirava'. Afinal, nada mais propício do que iniciar um curso de arquitetura em 1942, quando estava para ser inaugurado o prédio do Ministério da Educação, no Rio de Janeiro, obra que virou símbolo do modernismo no Brasil e no mundo.
Para os estudantes, o prédio foi um 'sopro de estímulo'. Para Corona, foi o sopro decisivo, já que ele mesmo havia entrado no curso na Escola Nacional de Belas Artes com o estímulo ideológico de seu pai Fernando Corona, arquiteto e escultor aliado da guerra modernista. No mesmo ano, uma exposição com trabalhos de estudantes 'acadêmicos' e 'dissidentes' criou tumulto com trabalhos rasgados, ameaças de agressão, páginas de imprensa e muitos nomes importantes, como Murilo Mendes, Rodrigo de Melo Franco, Afonso Arinos, Manuel Bandeira, Vinícius de Moraes, Carlos Drummond de