Os vírus
Zucatelli destaca que esses resultados surpreenderam os pesquisadores. "Com essa potência sim [foi uma surpresa]", declarou. Ele explica que já se imaginava que esses organismos, mesmo com sistema imunológico pouco desenvolvido, poderiam ser utilizadas no controle de infecções humanas ou animais. "Os insetos são um dos seres mais primitivos existentes. Para sobreviverem tanto tempo em ambientes tão hostis, tiveram que desenvolver substâncias para se defender de agressões externas", informou.
Os estudiosos estão interessados em conhecer os elementos que compõe a hemolinfa, fluido que exerce, nos insetos, a função similar à do sangue em humanos. Nas lagartas, eles têm a capacidade de combater vírus, bactérias e fungos. De acordo com os pesquisadores, desvendar essas substâncias e o mecanismo de ação deles é um passo importante para o desenvolvimento de novos medicamentos. "Existem poucos trabalhos na literatura que buscam estas substâncias em insetos. Os principais estudos estão relacionados ao própolis de abelhas", acrescentou o virologista.
A pesquisa com a família Megalopygidae dá sequência a um estudo anterior com a lagarta Lonomia obliqua, da família Saturniidae. A proteína encontrada nesse caso tornou a replicação do vírus da herpes 1 milhão de vezes menor e a do vírus da rubéola, dez mil vezes menor. Os dois trabalhos têm como foco substâncias que apresentem ações antivirais