Os tipos de Amor
É difícil definir o amor, se pensarmos nas mais diversas conceituações que recebeu no decorrer da história humana, principalmente, se levarmos em conta a especificidade desse sentimento, cujo sentido nos escapa. Assim disse o filósofo francês Roland Barthes: Que é que eu penso de amor? Em suma, não penso nada. Bem que eu gostaria de saber o que é, mas estando do lado de dentro, eu vejo em existência, não em essência. [...] Mesmo que eu discorresse sobre o amor durante um ano, só poderia esperar pegar o conceito “pelo rabo”: por flashes, fórmulas, surpresas de expressão, dispersos pelo grande escoamento do imaginário; estou no mau lugar do amor, que é seu lugar iluminado: “O lugar mais sombrio, diz um provérbio chinês, é sempre embaixo da lâmpada”.
Apesar dessas dificuldades, tentamos algumas delimitações do conceito.
a) Filía
O termo grego filía (philia) geralmente é traduzido por “amizade”. Trata-se do amor vivido na família ou entre os membros de uma comunidade. Os laços de afeto que o expressam são, em tese, a generosidade, o desprendimento e a reciprocidade, isto é, a estima mútua.
Além desse sentido geral, distinguimos a amizade propriamente dita, quando um vínculo mais forte une pessoas que se escolheram pelo que cada um é. Por isso Aristóteles explica que “os que desejam bem aos seus amigos por eles mesmos são os mais verdadeiramente amigos”. E conclui: Mas é natural que tais amizades não sejam muito frequentes, pois que tais homens são raros. Acresce que uma amizade dessa espécie exige tempo e familiaridade. Como diz o provérbio, os homens não podem conhecer-se mutuamente enquanto não houverem “provado sal juntos”; e tampouco podem aceitar um ao outro como amigos enquanto cada um não parecer estimável ao outro e este não depositar confiança nele. Os que não tardam a mostrar mutuamente sinais de amizade desejam ser amigos, mas não a são a menos que ambos sejam estimáveis e o