Os sintomas neuroticos
A neurose obsessiva manifesta-se no fato de o paciente se ocupar de pensamentos em que realmente não está interessado, de estar cônscio de impulsos dentro de si mesmo que lhe parecem muito estranhos, e de ser compelido a ações cuja realização não lhe dá satisfação alguma, mas lhe é totalmente impossível omitir. Os pensamentos (obsessões) podem ser, em si, carentes de significação, ou simplesmente assunto sem importância para o paciente; freqüentemente, são de todo absurdos e, invariavelmente, constituem o ponto de partida de intensa atividade mental que exaure o paciente e à qual ele somente se entrega muito contra sua vontade. Obriga-se, contra sua vontade, a remoer pensamentos e a especular, como se se tratasse dos seus mais importantes problemas vitais. Os impulsos, dos quais o paciente se apercebe em si próprio, também podem causar uma impressão de puerilidade e falta de sentido; via de regra, porém, têm um conteúdo da mais assustadora categoria, tentando-o, por exemplo, a cometer graves crimes, de modo que não só os rechaça como alheios a si, mas deles foge com horror e se resguarda de executá-los recorrendo a proibições, renúncias e restrições em sua liberdade. Ao mesmo tempo, esses impulsos nunca - literalmente nunca - forçam seu caminho no rumo da realização; o resultado é que sempre obtêm vitória a fuga e as precauções. Aquilo que o paciente realmente efetua - os denominados atos obsessivos - são coisas muito inofensivas e certamente banais, na sua maior parte repetição ou elaborações rituais das atividades da vida corrente. Essas atividades obrigatórias (tais como ir deitar, lavar-se, vestir-se ou andar a pé) se tornam, contudo, tarefas extremamente fatigantes e quase insolúveis. Nos diferentes casos e formas de neurose obsessiva, as idéias, os impulsos e as ações patológicas não se combinam em proporções