Os seringueiros e as reservas extrativistas
INTRODUÇÃO
Esta produção textual trata-se de uma interleitura dos temas relacionados ao seringueiro e à luta pelo reconhecimento e regularização legal do direito à terra, ou seja, o percurso da oficialização das terras secularmente ocupadas pelos trabalhadores da floresta, embora tenha sido o último grupo a ter o asseguramento da posse, uma vez que indígenas e descendentes quilombolas alcançaram essa garantia anteriormente, já em matéria constitucional. Para isso, fez-se necessário o aporte bibliográfico aos estudiosos da área, por meio de trabalhos publicados em revistas científicas e como resultado de encontros nacionais de pesquisa. E que fornecem fundamentação teórica para compreender o itinerário do movimento seringueiro, a partir da motivação, da criação da identidade dos trabalhadores da floresta, da organização sindical, das represálias e das conquistas vindas das entranhas da Amazônia brasileira.
I – BORRACHA, SERINGUEIROS, CONFLITOS
Entender as requisições dos seringueiros pressupõe compreender como foi formado esse grupo de trabalhadores e, para isso, recorre-se à história da ocupação da Amazônia brasileira, que conforme Cunha (p. 39), foi motivada por duas situações: exploração gumífera (1º e 2º ciclos da borracha) e expansão da fronteira agropecuária. Em ambos os processos, o nordestino migrante esteve presente e se manifestou como sujeito social de dois modelos de exploração.
A primeira situação – a exploração gumífera compreende duas etapas, os dois ciclos da borracha. Antes do primeiro ciclo, Cunha (p. 39) lembra que inicialmente a extração do látex esteve a cargo dos índios e serviu como produto de exportação para a indústria de sapatos norte-americana. Já durante a vigência do primeiro ciclo da borracha, percebeu-se a substituição da mão-de-obra indígena e com os estímulos do Estado e de donos de seringais (os seringalistas) para a migração interna de nordestinos, em especial