Os pré-socráticos
A partir do séc. VI a.C. ocorre na Grécia uma gradativa laicização da cultura. Os poemas de Homero e Hesíodo, outrora considerados fonte de conhecimento da realidade, perdem a sua relevância explicativa pouco a pouco e vão passando à categoria de “cultura supérflua” e, sobre certas questões, até mesmo “danosa”.
A necessidade de compreender a natureza de forma racional implica, então, buscar novas formas de explicar o que e como as coisas são e por que são como são. Nessa busca, os primeiros filósofos vão esbarrar em diversas dificuldades, mas também vão alcançando algumas vitórias e vencendo etapas importantes.
É essa jornada que vamos acompanhar a partir de agora.
- Contexto histórico e localização geográfica
Antes de falar dos primeiros filósofos, é necessário fazer mais alguns esclarecimentos sobre o contexto em que surgiu a Filosofia.
A Grécia antiga, o berço da Filosofia, não era um país. Era, de fato, um conjunto de dezenas de pequenos países, ou cidades-Estado (pólis). O que ligava esses países era a sua cultura. O idioma grego, com pequenas variações, era falado em todas as poleis. Poetas e rapsodos iam de cidade em cidade, apresentando-se em festivais e datas comemorativas, e disseminavam os mitos de Homero, Hesíodo e de outros autores.
Essa unidade cultural teve origem em questões históricas (como a formação do próprio povo heleno através de uma sucessão de invasões do território grego por povos indo-europeus – Jônios, Eólios, Aqueus e Dórios), características geográficas (relevo acidentado, solo pouco fértil, proximidade do mar, grande número de ilhas, etc.) e militares (as cidades-Estado eram incapazes de enfrentar sozinhas as nações mais poderosas, mas, quando unidas, eram consideradas invencíveis).
Poleis é o plural de pólis.
Os gregos se autodenominavam helenos, e a Grécia, que não era um país, e sim um conjunto de cidades-Estado, era chamada de Hélade.
A principal atividade econômica dos gregos era o comércio