Os Processos de patrimonialização e a construção de cenários para o consumo cultural
Os Processos de patrimonialização e a construção de cenários para o consumo cultural **
Viver no momento em que o “consumo cultural” é quem direciona as práticas e representações sociais, e atua densamente na reinvenção das identidades, nos faz refletir em que medida um conjunto patrimonial, seja ele material ou imaterial, representa “a” identidade nacional de um país. As ações/discurso de patrimonialização vão de encontro com o atual contexto social, o qual não abarca o fato das múltiplas identidades, existentes dentro de um mesmo espaço público, romperem com a ideia de existência de uma única identidade nacional. A defesa e a conservação dos bens culturais, realizada fundamentalmente pelo Estado, deveriam se apoiar na sua ampla conjuntura política, social, econômica, cultural e até ecológica. Porém, muitas das ações patrimoniais realizadas pelo poder público estão hígidas e incoerentes com a realidade lógica das relações sociais. Essas ações desconsideram que os referenciais de identidade não são mais fixos, essenciais e permanentes. Finge não perceber que o mesmo indivíduo assume identidades diferentes em diferentes momentos, há uma espécie de perda de um sentido de si, que caracteriza o que Stuart Hall (2003) denomina como crise de identidade.
Essa crise de identidade é marcada justamente pela “descentração ou deslocamento” do sujeito tanto de seu lugar no mundo social quanto cultural e até de si mesmo. Dessa forma, o sujeito passa por uma perda do “sentido de si”, pois sua identidade que era antes estável, fixa e coerente, se desloca, e a ela são colocadas incertezas e dúvidas. Segundo Stuart Hall, as identidades pós-modernas estão sendo “descentradas”, isto é, fragmentadas, devido fenômeno da globalização, que contribui para o deslocamento das identidades culturais desintegrandoas, homogeneizando-as e, consequentemente, enfraquecendo-as, ou seja, na medida em que as
* Historiadora e mestranda do Programa