Os pobres perderam
Marcel Azevedo
Está na ordem do dia a declaração do Sr. Warren Buffet, segunda maior fortuna dos Estados Unidos: “Existe uma Guerra de classes, é certo, mas é a minha classe, a classe rica, que está fazendo esta guerra, e nós estamos ganhando” Se há uma guerra de classes, como propalava Marx e conforme afirma o Sr. Buffet, pode-se dizer que, no Brasil, o topo dourado da pirâmide social já ganhou. Não a tão propalada Classe A, pois esta reúne assalariados, profissionais liberais e pequenos empresários cuja renda média por pessoa do grupo familiar é de cerca de R$ 6.563,73 ( de acordo com dados da ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa), mas sim o ápice, o cume, o pináculo: os beneficiários do enriquecimento espetacular que por meios indevidos se alçaram ao tríplice AAA, donos de ativos na casa dos sete ou oito dígitos. É esta casta que venceu a guerra, e que agora perpetua o seu triunfo por meio de uma complexa e intrincada estrutura de poder. Quero deixar bem claro que o sujeito que alcançou os píncaros da riqueza por mérito próprio - ou o bem nascido que somente administra seu legado - sequer lutaram esta guerra. Não causaram dano, não vitimaram ninguém. O rico é um sujeito a ser prestigiado no nosso modo de produção capitalista, pois seu poder de investimento, se bem direcionado, cria empregos, enseja oportunidades e faz gerar renda no seu meio circundante. Refiro-me àqueles milionários que enriqueceram à sombra do Estado, ou por causa dele. Aos que forjaram fortunas a partir de grandes passivos, indiferentes à sorte dos credores. Refiro-me aos golpistas de todos as matizes que auferiram uma bolada como resultado de uma sucessão de pequenas patifarias, e respondem a vinte ou trinta processos que, bem administrados, vão tramitando, tramitando, tramitando... Refiro-me, em ultima análise, ao suceder de personagens que ocuparam as manchetes