Os métodos de investigação psicológica
Como afirmamos anteriormente, essa diferença não está na natureza do que é estudado, mas sim no ponto de vista a partir do qual ele é considerado. Por isso, os métodos de investigação em psicologia também não podem diferir daqueles empregados nas ciências naturais, a saber, o experimento e a observação. O primeiro consiste na interferência proposital (manipulação) do pesquisador sobre o início, a duração e o modo de apresentação dos fenômenos investigados (como na física, na química e na fisiologia).
A observação, propriamente dita, refere-se à mera apreensão de fenômenos ou objetos, sem que haja qualquer interferência por parte do observador (como na botânica, na anatomia e na astronomia).
Ao transportar essa dualidade metodológica para a psicologia, Wundt vai introduzir uma espécie de divisão de tarefas, de acordo com as possibilidades de aplicação de cada um dos métodos. Surge, então, a distinção entre a psicologia individual, fisiológica ou experimental, de um lado, e a psicologia dos povos (Völkerpsychologie), de outro.
No primeiro caso – cujos resultados podem ser vistos já na primeira edição dos
Elementos de psicologia fisiológica (Wundt, 1874), até hoje seu livro mais conhecido –, o experimento deve ser utilizado diretamente nos estudos sobre a sensação, a percepção e a representação, uma vez que se pode investigar cuidadosamente tanto o início quanto o curso desses processos, tendo sempre em vista a análise do complexo em termos de seus elementos constituintes. No segundo, a única alternativa possível é a observação, pois se tratam de fenômenos culturais e coletivos (linguagem, mito, religião etc.), que escapam ao controle experimental (cf. Wundt, 1900).
Neste ponto, é necessário apresentar um breve esclarecimento sobre o estatuto da observação na psicologia