Os mitos presentes no Romantismo A estética romântica manifesta suas formas e significados únicos e individualizados em suas realizações artísticas. Sua produção não estabelece relações com a realidade externa e sim relações internas entre seus elementos. De certa forma, o “comportamento” das personagens e acontecimentos, estão totalmente ligados à postura que o herói exerce na obra, contrastando-se ao temperamento dele. De todos os contrastes entre o objetivismo do Classicismo e do subjetivismo do Romantismo apresentados por D’Onofrio, vamos analisar o item Real / Fantástico: a principal diferença é que mesmo que as obras do classicismo apresentem características do plano fantástico, existe sempre uma explicação, tornando a obra verossímil, já no Romantismo, o Fantástico apresenta o que pode ser visto somente no sonho e na imaginação, mesmo que seja impossível de acontecer na realidade – não pressupõe nenhuma explicação de ordem lógica, religiosa ou mágica. Com base nesses conceitos, vamos analisar a personagem Fausto de Goethe e a mitologia presente na obra – o homem que vendeu sua alma ao diabo. Goethe deu vida à personagem, um médico que existiu no mundo real, caracterizado por “charlatão, luxurioso, milagreiro e aventureiro, homossexual” (D’ONOFRIO, p. 365). Após sua morte surgiram lendas sobre um possível pacto com o diabo que Dr. Fausto teria feito, e Goethe em sua obra, traz a figura desse “herói”. No início da obra já é apresentado uma “conversa” entre Deus e o Diabo e o pacto da troca da alma pelos bens materiais. O amor por Margarida apresenta a figura do herói do Romantismo que recorre a qualquer recurso em busca de sua felicidade. Pode-se notar uma “contradição” do espírito romântico: o ideal do amor, a virgindade, os sentimentos melancólicos se contrapõem aos impulsos do subconsciente que podem ofender a moral e os bons costumes sociais. Cabe também destacar a ironia presente na obra: chegar a Deus pela ajuda do demônio, conquistar um amor