Os Miser Veis
Karl Marx em “O 18 de Brumário de Luís Bonaparte” (1851/52) analisa a ilusão vivida no golpe de Estado realizado por Napoleão III e todo o enredo histórico entre os anos de 1848 e 1852, sob a perspectiva materialista dialética. Há no primeiro parágrafo do primeiro capítulo deste livro uma referência à Hegel na citação: “Todos os fatos e personagens de grande importância na história do mundo ocorrem, por assim dizer, duas vezes.”, porém Marx acrescentou sua própria formulação a esta afirmação, quando disse que na primeira vez como tragédia e na segunda como farsa. Não há mais nada sobre o que comentar aqui, além de que: Les Misérables(1962) se passa entre a revolução francesa e o 18 de Brumário, ou seja, circunscrita na análise materialista, a obra de Victor Hugo se passa entre a tragédia e a farsa.
Assim sendo, como compreender a famosa cena da barricada Rua Saint-Denis? Seria um tipo de tragédia que antecederia a farsa das revoltas contra o imperador Napoleão III, ou seria a barricada uma farsa reencenando a revolução francesa em 1789? Paradoxalmente funcionaria tanto para uma farsa como para uma tragédia e é exatamente o que acontece com o filme Les Misérables (2012). Mas antes de debandarmo-nos para essa afirmação – que secciona o filme ao meio – voltemos um pouco e olhemos para filme como um todo. Enquanto musical e adaptação