Os mil e um cliks de Chapeuzinho Vermelho

Os mil e um clicks de Chapeuzinho Vermelho
Daiane de Moura Rodrigues*

Computador ligado, tela escura com som suave, uma assinatura rabiscada em azul, seguida de uma expressão vermelha em francês e com duas figuras movendo-se de forma impaciente aparecem quando, se acessa o site da escritora e ilustradora mineira Ângela Lago.
Um mundo imagético e interativo abre às portas para recontar um clássico da Literatura infantil, tão conhecido quanto a Arca de Noé, mais famoso que goiabada com queijo, talvez nem Charles Perrault pudesse vislumbrar que veria sua Chapeuzinho Vermelho sendo carregada pelas ondas cibernéticas de um mouse e tão despida de palavras quanto agora.
Diante de tantas versões desse clássico infantil, nada mais atual e virtual do que esta releitura de Ângela. Onde inúmeros clicks nos levam a navegar numa verdadeira aventura de conhecer a arte das histórias sem texto, favorecendo a possibilidade de um novo olhar, de maneira que nunca imaginaríamos.
A tela escura é o palco da história do início ao fim, as personagens e o cenário ilustrado de forma gráfica com desenhos simplórios, assemelham-se às ilustrações das crianças que pintam seus desenhos com lápis de cor. Todos os personagens do original estão presentes na história, o famoso vestuário da menina permite sentir o conto real, mas o contato narrativo com o original para neste instante, porque o jogo virtual dá às cartas, o leitor e os clicks no mouse transformam-se em um só, o destino da história está literalmente nas mãos do leitor, este por sua vez, acompanha os passos hiperativos dos personagens, pois ao movimento dos clicks do mouse em cima de cada um deles dá-se vida a trama. Entretanto, muda-se a história várias vezes, quando se clica no lugar que não corresponde o enredo original e neste momento há um “feedback" com os próprios personagens que consultam o livro e acenam negativamente para o leitor, mostrando que o caminho ou o personagem escolhido para sequenciar a história foram