Os massoretas
Os Massoretas foram grupos de escribas do Judaísmo Caraíta activos entre os séculos VII e XI, e sediados, sobretudo no actual Israel, nas cidades de Tiberias e Jerusalém, assim como no Iraque (Babilónia). Cada grupo compilou um sistema de pronúncia e indicação gramatical, sob forma de notas diacríticas, em relação à forma externa do texto Bíblico, numa tentativa de sistematizar a pronúncia e divisão interna da Bíblia Judaica, o Tanakh, para todo o povo judeu: o texto Masorético. Assim sendo, o Hebraico Bíblico foi a primeira das línguas clássicas a ser sistematicamente pontuada.[1]
A função dos Massoretas surgiu como conseqüência de um consenso, estabelecido na comunidade escolástica do Judaísmo por volta do século VI, quanto ao exacto conteúdo e validade das escrituras. Tendo o Hebraico Bíblico entretanto deixado de ser uma língua viva, coube aos Masoretas a tarefa de sistematizar no texto uma pronúncia e oralidade que havia desaparecido da actividade corrente. A urgência desta tarefa aumentou com o espalhar da influência filosófica e literária do Helenismo na Palestina, a qual trouxe muitos judeus para o gnosticismo e neo-platonismo, e aumentou o leque de possibilidades de interpretação do texto
bíblico. O trabalho dos Masoretas procurou, portanto, solidificar a interpretação. Aliada a este esforço vinha a fé do Judaísmo Caraíta, que rejeitava o arbítrio rabínico na definição da lei oral, e procurou expugnar o texto bíblico da sua influência mediadora.[2]
Durante os séculos VI e VII, os rabis da Babilónia desenvolveram um sistema simples e coordenado, o Niqqud Bavli, (Niqqud, ou Nekudot, significando, literalmente, ponto) com pontos de vogais situados sobre as consonantes, enquanto os rabis sediados em Tiberias produziram um sistema diferente, que posicionava as vogais predominantemente abaixo das consonantes. O Niqqud Tiberiano eventualmente passou a dominar e é a base do que hoje é conhecido por