OS MALUNGUINHOS DO QUILOMBO DE CATUCÁ
Catucá era o nome genérico dado às áreas de floresta que margeavam as regiões de produção de açúcar e algodão da Zona da Mata de Pernambuco. Ela começava nos matagais e morros localizados na saída de Recife e Olinda para o interior, e seguia no sentido norte até Goiana, já na divisa com a Paraíba. Neste caminho estavam localizados mais de 100 engenhos, inclusive os maiores e mais antigos da Província. Os locais de esconderijo dos escravos fugidos estavam justamente nessa área.
Na época do surgimento do Quilombo de Catucá, no começo do século XIX, a Província de Pernambuco abrigava uma população de meio milhão de pessoas e seu território estava tomado de fazendas e engenhos (Carvalho, 1996:407-8). A elite local destacava-se no cenário político ao reivindicar, para a colônia portuguesa nas Américas, um projeto político federalista, distinto daquele encampado pela Corte carioca no processo de independência em relação a Portugal (Mello, 2004).
Os conflitos políticos como a Revolta de 1817, a expulsão do governador português Luís do Rego em 1821 e a Confederação do Equador em 1824 criaram condições propícias para que os escravos da região se organizassem no Catucá (Carvalho, 1996:410). Naquele período, houve diversos registros de fuga de cativos, roubos de fazendas e assassinatos. As expedições de captura dos fugitivos não foram suficientes para desmantelar o quilombo ou mesmo para impedir outras fugas de escravos.
A resistência no Quilombo
Com o fim da Confederação do Equador – a reação autonomista da elite pernambucana à política centralizadora do governo imperial – os quilombolas foram duramente repreendidos. A mesma tropa enviada por D. Pedro I para debelar a classe senhorial pernambucana foi utilizada para tentar destruir Catucá.
Mas o quilombo continuou vivo. A sobrevivência de Catucá a este e a vários outros ataques ocorreu em função da articulação de seus moradores a uma rede de pessoas de fora da