os maias

As Personagens em OS MAIAS
CARACTERIZAÇÃO

Carlos da Maia: É o protagonista, rico, bem-educado, culto, de gostos requintados, que ilustra, em oposição à figura de Pedro, seu pai, o resultado da educação à inglesa, transformando-se num gentleman; não teme o esforço físico, é corajoso e frontal. Amigo do seu amigo, generoso, mostra-se incapaz de uma canalhice. Sofre, no entanto, do grande mal do diletantismo, ou seja, revela incapacidade de se fixar num projecto sério.
Os seus princípios morais toleram a sordidez do incesto, cuja ideia só rejeita por via da repulsa física; nos amores foi sempre leviano. Eça terá querido personificar em Carlos o ideal da sua juventude, aquela que fez a “Questão Coimbrã” e as “Conferências do Casino” e que acabou no grupo dos “vencidos da vida”, de que Carlos é um bom exemplo.
Pedro da Maia:
Reflecte uma enorme instabilidade emocional que deixa antever uma psique pouco equilibrada, fruto da hereditariedade e que a educação não corrigiu. Alia a valentia física à cobardia moral (a reacção do suicídio face à fuga da mulher).
Afonso da Maia:
É a personagem mais simpática do romance e a mais valorizada por Eça de Queirós; não se lhe conhecem defeitos; é um homem de carácter, culto e requintado nos gostos, partidário das ideias liberais, que ama o progresso, que para ele não é uma utopia romântica mas o fruto de um esforço sério. É generoso para com os amigos e os necessitados: o seu grande coração ama a natureza e o que é pobre e fraco. Não abdica de firmes princípios morais; é um modelo de autodomínio em todas as circunstâncias; é o sonho de um Portugal impossível por falta de homens capazes.
Maria Eduarda:
Eça não lhe estuda muito o carácter, mas o que transparece é bom: sem defeitos a não ser aqueles com que a vida a marcou e sem culpa sua. Ressalta a sua enorme dignidade, ao não querer, por exemplo, gastar o dinheiro de Castro Gomes, depois de ligada a Carlos. Adivinha-se bondosa e terna, culta e requintada no gosto.