os maias
Realismo
O Realismo surgiu na segunda metade do séc XIX, apresenta-se como uma doutrina filosófica e uma corrente estética e literária que procura a conformação com a realidade. As suas características estão intimamente ligadas ao momento histórico, refletindo as novas descobertas científicas, as evoluções tecnológicas e as ideias sociais, políticas e económicas da época. O Realismo preocupa-se com a verdade dos factos, a realidade concreta, a explicação lógica dos comportamentos. Procura ver a realidade de forma objetiva e surge como reação ao idealismo e ao romantismo. Como movimento da arte e da literatura, procura representar o mundo exterior de uma forma fiel, sem interferência de reflexões intelectuais nem preconceitos, e voltada para a análise das condições políticas, económicas e sociais. Os termos Realismo e Naturalismo surgem, frequentemente, associados. Há quem prefira ver o Naturalismo como um prolongamento do Realismo, mas mais consistente e pesquisador. Alguns afirmam que o Naturalismo é um Realismo exacerbado. O próprio Eça de Queirós, no episódio do jantar do Hotel Central, n’Os Maias, não é claro na explicitação destes dois conceitos. Há, de facto, semelhanças e diferenças entre Realismo e Naturalismo. Ambos partem da realidade que observam e procuram uma mesma conclusão. Mas enquanto o Realismo se ocupa da realidade imediata, próxima e objetiva, tentando retratar o indivíduo interagindo no seu meio social, o Naturalismo interessa-se pelas causas últimas que podem gerar comportamentos e situações específicas. O Naturalismo retrata o lado doentio do indivíduo, o seu comportamento em obediência aos instintos e a incapacidade de modificar o destino que o persegue. Eça de Queirós, na 4.ª Conferência do Casino afirma que "O Realismo é uma reacção contra o Romantismo: O Romantismo era a apoteose do sentimento; - o Realismo é a