Os Maias e a educaçao
Eça de Queirós, n'Os Maias, elabora, aparentemente, a história de uma família lisboeta em decadência, mas, sobretudo, constrói uma crónica social, cultural e política que permite o conhecimento do espaço social da época em que foi produzida. Faz a análise dessa sociedade portuguesa, de forma cómico-trágica, sem perder de vista o propósito ético da literatura.
Ao recorrer à crítica social e ao procurar agitar as ideias sociais, políticas e literárias, Os Maias constituem um verdadeiro fresco caricatural da sociedade portuguesa da época, conservando atualidade, apesar dos contextos serem um pouco diferentes. A obra pode ser classificada como romance realista-naturalista ao retratar os espaços sociais da alta burguesia do século XIX, pelos propósitos de análise social e pelas abordagens e caracterizações impostas pelo romance experimental.
Visão Global
O plano da intriga apresenta uma ação secundária, que envolve Pedro e Maria Monforte; e uma ação principal centrada na relação entre Carlos e Maria Eduarda.
A intriga secundária, que surge como introdução e permite a apresentação de Afonso da Maia, como fator de unidade, e situa no tempo e no espaço o início da ação, centra-se na personagem Pedro, dando conta do seu nascimento, formação, paixão e drama.
A intriga principal, que mantém a dimensão trágica e a amplifica, fazendo o desenvolvimento dos acontecimentos, incide nas relações incestuosas de Carlos da Maia e Maria Eduarda, culminando com a morte do avô. Com a desagregação da família, o último capítulo constitui o epílogo, onde Carlos e o seu amigo Ega, regressados a Lisboa, admitem o fracasso de uma vida e verificam o atraso do País. Embora o regresso pareça traduzir a desilusão pessoal sobre o futuro de Portugal, é possível vislumbrar alguma catarse na reflexão que o mais importante é viver, mesmo falhando «sempre na realidade aquela vida que se planeou com a imaginação».
Título e subtítulo
N'Os Maias, a intriga