os lusíadas
Tereza Daiane Fialho de Lima
“Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar engenho e arte”
(Os Lusíadas; C. I, est. 2)
E foi com todo esse engenho (inspiração) e arte (técnica poética) que Camões criou a maior expressão de sua excelência literária: Os Lusíadas, poema épico que traduz em verso as conquistas e a história do povo português, tomando como narrativa central, a descoberta do caminho marítimo para as Índias por Vasco da Gama. Os Lusíadas não pode ser considerado somente como um poema acerca de descobertas marítimas, é uma obra que representa o povo (lusitano), seu heroísmo refletindo o espírito nacionalista português, resgatando e imitando as formas da antiguidade clássica.
Luís Vaz de Camões nasceu em Portugal por volta de 1524, teve uma vida difícil e morreu pobre e abandonado. Porém sua vida “desregrada” não o impediu de se tornar o maior poeta português, refletindo e retratando a alma humana como ninguém, conforme diz Massaud Moisés (1960):
“...Camões, pela representação universal do seu pensamento, fruto de um singular poder de transfiguração poética, típica do visionário e do gênio, seja considerado um dos maiores poetas de todos os tempos.”
Do Canto I
Os Lusíadas contêm 10 cantos. O canto I compõe-se de 106 estâncias, sendo que, da 1 a 3 temos Proposição, 4 e 5 a Invocação, 6 a 18 a Dedicatória e da 19 tem-se o início da narração que se estende até a estância 144 do Canto X.
Da Proposição
Na Proposição o poeta começa a declarar aquilo que se propõe fazer. Assim é também n’Os Lusíadas: Camões está decidido tornar conhecido em todo o mundo o valor do povo português – “o peito ilustre lusitano”. Nas duas estâncias iniciais, enuncia os heróis que vai cantar – “as armas e os barões assinalados” – na terceira estância estabelece um confronto entre os portugueses e os grandes heróis da antiguidade, afirmando a superioridade dos primeiros sobre os segundos: