os lusíadas
A partir da terceira estrofe do canto III de Os Lusíadas há uma mudança de narrador da ação, pois deixa de ser o poeta – narrador não participante (heterodiegético) – para ser Vasco da Gama, um narrador autodiegético. Vasco da Gama revela nas suas palavras o prazer que tem em contar ao rei a história do seu povo: ”Mandas-me, ó rei, que conte declarando/De minha gente a grão genealogia; /Não me mandas contar estranha história, /Mas mandas-me louvar dos meus a glória.” Vasco da Gama torna-se narrador, aquele que conta, e o rei de Melinde, narratário, aquele a quem a história é narrada. E é assim que Vasco da Gama inicia a narração da História de Portugal, através de uma longa analepse, desde a fundação da nacionalidade até ao momento da viagem, dando-se lugar na ação a um outro plano diferente do da viagem e da mitologia, o plano da história. Começa por referir a situação de Portugal na Europa e a lendária história de Luso a Viriato. Segue-se a formação da nacionalidade e depois a enumeração dos feitos guerreiros dos Reis da 1ª Dinastia, de D. Afonso Henriques a D. Fernando. Destacam-se os episódios da Batalha de Ourique, no reinado de D. Afonso Henriques e o da Formosíssima Maria, da batalha do Salado e de Inês de Castro, no reinado de D. Afonso IV.