OS LIMITES DO DESIGN
''L'uovo ha una forma perfetta, benche sia fatta col culo. "
Bruno Munari. A u11 millimetro da me, 1987
A partir dos anos 70, vários teóricos, filósofos e estudiosos do design dos países industrializados e desenvolvidos iniciaram um grande discurso sobre a real condição do design nos países em via de desenvolvimento. Salientavam que o design industrial a ser praticado nos países não desenvolvidos não poderia ter o modelo que os industrializados seguiam. Criaram-se, então, duas terminologias próprias e distintas, a saber o design de centro e o design de periferia.
Isso só não é mais surpreendente em virtude da natural convivência com dualismos desde o início da história do design até os dias de hoje. Eis algumas das dualidades a que nos referimos: artesanal x industrial operário x patrão arte pura x arte aplicada forma x função arte x técnica natural x artificial método X intuição mecânica x eletrônica regional x global conservador x revolucionário moderno x pós-moderno sociedade industrial x sociedade pós-industrial real x virtual
Para legitimar a tese da necessidade de duas terminologias distintas para o design, muitos se apoiavam na justificativa dos erros cometidos pelo design industrial praticado nos países desenvolvidos - acusado de ser elitista - e defendiam a
aplicação e o uso da tecnologia alternativa, também chamada de tecnologia intermediária ou adaptável, como modelo de design para os países em via de desenvolvimento. A opção pelo uso de tal tecnologia apresentava como características:
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baixo custo de produção;
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confecção de produtos sem a necessidade de mão de obra especializada;
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uso de fonte de energia alternativa, como a solar e a eólica;
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uso de matérias-primas naturais, isto é, que não foram beneficiadas industrialmente, como o barro e o bambu.
Essas propostas, ainda que tivessem intenções sociais intrínsecas, não deixavam de ser uma repetição das teorias defendidas por Morris e Ruskin, junto ao movimento Arts