Os limites da literatura poética do AT
Os limites da literatura poética do AT não são fáceis de determinar, pois pouco se sabe sobre a natureza exata da poesia hebraica bíblica, a poesia hebraica antiga não possui um esquema distinto de acentuação, métrica ou ritmo que a diferencie da prosa.
A contribuição antiga mais significativa ao estudo da poesia hebraica foi feita pelo bispo Robert Lowth* em meados do século VIII. Ele observou o paralelismo ou a correspondência de idéias em frases, como característica fundamental que distingue a poesia hebraica da prosa. Francis I. Andersen e David N. Freedman aperfeiçoaram a abordagem de separar poesia hebraica de prosa por meio de método de contagem dos “elementos prosaicos” que leva em consideração indicadores adicionais do estilo narrativo na Bíblia hebraica.
Textos do AT que exibem densidades de partículas de prosa de 15 %, ou mais são considerados prosa, ao passo que aqueles que demonstram densidade de 5% ou menos são considerados poéticos.
Hoje os estudiosos reconhecem que a poesia compreende cerca de um terço do AT hebraico. Ela varia de trechos breves (Gn 4.23,24; Nm 21.18; lSm 18.7) a composições inteiras como cânticos, hinos e oráculos (Gn 49.2- 27; Êx 15.1-18; 1 Sm 2.1-10) no Pentateuco e nos livros históricos; de obras poéticas longas e adornadas de Jó e Salmos à prosa oracular expressiva e ousada de Isaías 40-66, Naum e Habacuque.
Salmos, Provérbios, Cântico dos Cânticos e Lamentações são completamente poéticos quanto à sua forma. A maior parte de Jó e trechos de Eclesiastes são poéticos, e as narrativas em prosa dos livros de Gênesis, Êxodo, Números, Deuteronômio, Juízes e 1 e 2Samuel contêm passagens poéticas substanciais. Os livros proféticos de Obadias, Miquéias, Naum, Habacuque e Sofonias são compostos totalmente de prosa oracular (com exceção dos cabeçalhos ou títulos). Esse também é o caso de longos trechos de Isaías, Jeremias, Ezequiel, Daniel, Oséias, Joel e Amós. No AT, apenas Levítico, Rute, Esdras, Neemias, Ester, Ageu e