OS JULIO
RESENHA
José Maurício de Carvalho. O Homem e a Filosofia. Pequenas meditações sobre
Existência e Cultura. 2ª edição. Porto Alegre, PUCRS, 2007, 236 p.
José Maurício de Carvalho vem de entregar ao público a segunda edição de O
Homem e a Filosofia (1ª edição, 1998). Nessa obra procura dar continuidade à meditação iniciada por Tobias Barreto (1839/1889) e, contemporaneamente, desenvolvida basicamente por Miguel Reale (1910/2006). Para Tobias Barreto tratavase de encontrar um caminho que pudesse libertar-nos da camisa de força que nos sugeria o positivismo, ao postular que a pessoa humana era determinada e determinável.
Sabemos que essa autêntica enfermidade, infelizmente, contagiou muita gente no período republicano de nossa história, o que explica nos encontrarmos, ainda hoje, diante de verdadeira esterilização das consciências em várias esferas do saber.
A proposta superadora do positivismo, da lavra de Tobias Barreto, consistia em demonstrar que a ação humana se explicava por causas finais, sendo impossível compreendê-la se nos ativéssemos aos marcos da causalidade eficiente (ou seja, os antecedentes identificáveis e mensuráveis). Miguel Reale teria o mérito de indicar precisamente o problema filosófico a ser elucidado: em que consistia o ser do homem.
Aceitando a proposição de Tobias Barreto de que a moral estruturava o horizonte último da ação, diria Miguel Reale que o ser do homem é o seu dever ser. Não se trata de um
“dever ser” simplesmente dado mas algo que envolve uma construção social onde a correlação essencial seria entre experiência e cultura, título de sua obra filosófica fundamental e que corresponde a autêntico marco da contemporânea filosofia ocidental.
Qual é a proposta de José Maurício de Carvalho no sentido de levarmos mais longe essa investigação? Dizendo-o de forma muito geral: tratar-se-ia de aproximar existência e cultura. Ao longo de sua vida, o homem encontra razões para viver e, como diz, objetiva valores,