Os jovens anticapitalistas e a ressignificação das lutas coletivas
Janice Tirelli Ponte de Sousa
Resumo:
O artigo traz elementos para pensarmos a constituição da cultura política contemporânea a partir de um dos sujeitos políticos que têm dado visibilidade às ações coletivas nesse campo – os jovens contestadores anticapitalistas. O foco sobre a juventude nos remete a uma perspectiva sociológica visando à identificação de elementos explicativos que dêem conta do agir político contemporâneo voltado para o processo de transformação social, especialmente a partir de 1960, auxiliando-nos a identificar os novos significados contidos nas manifestações de protesto e confronto contra a ordem social em tempos de globalização.
Palavras-chave:
Cultura política. Lutas coletivas. Anticapitalismo.
Professor do Departamento de Sociologia e Ciência Política e do Programa de PósGraduação em Sociologia Política da Universidade Federal de Santa Catarina- UFSC.
Doutora em Psicologia Escolar pela Universidade de São Paulo -USP.
PERSPECTIVA, Florianópolis, v. 22, n. 02, p. 451-470, jul./dez. 2004 http://www.ced.ufsc.br/nucleos/nup/perspectivas.html 452
Janice Tirelli Ponte de Sousa
É possível sintetizar os significados atuais das lutas políticas de hoje fazendo um contraponto com os anos de 1960, mesmo correndo o risco de reduzir a profundidade das relações que envolviam aqueles jovens que viveram e vivem a sua juventude de modo contestador. Durante aquele período, os estudos focalizando a juventude, hoje clássicos entre nós sociólogos, indicavam o sentido provisório dos seus problemas e suas contestações no conjunto das manifestações sociais, mas, também, o sentido histórico-social que assumiam. Tiveram especial influência a produção teórica de Marcuse (1966; 1997; 1999) e as discussões e militância junto aos estudantes em 1968; Habermas (1968), com seu estudos sobre os estudantes universitários alemães em 1968; Ianni (1968) e Foracchi (1965; 1966),