Os Jesuítas Calvinistas
Marcelo Santos Dantas*
Saymmon Ferreira dos Santos**
1) O PRESTÍGIO DA REFORMA PROTESTANTE NAS PROVÍNCIAS UNIDAS
Os países baixos consistiam em dezessete províncias herdadas por Filipe II através de seu pai – Carlos V – em meados do século XVI. As primeiras ondas da Reforma a atingirem as províncias consistiam nos ideais luteranos, que doravante foram sobrepujados a outra faceta radicalizadora da Reforma Protestante, designada por Anabaptistas. Filipe II, representante do Estado espanhol, adepto ao catolicismo, fomentou uma tentativa de coligir não só a política entre as nações como também intentou uma uniformidade religiosa. A fim de caucionar esta coalizão religiosa, o soberano da Espanha não delimitou-se quanto aos usos de vários aparelhos violentos, suscitando o descontentamento mediante aos comerciantes locais. A insatisfação presente entre os comerciantes pode ser explicada pelos ligamentos entre a burguesia e a mentalidade calvinista: enquanto esta última preconizava os valores do trabalho e a riqueza como sinais das manifestações de Deus. Adotando outras palavras: as guerras religiosas tão presentes nos meados do primeiro milênio, atingiam de maneira direta, os Países Baixos. Em contrapartida, Luís de Nassau – irmão do príncipe de Orange, Guilherme Nassau – juntamente com a nobreza menor, apresentaram suas insatisfações quanto ao regime imposto de Felipe II à regente Margarida de Parma (1522-1586). Paralelo a este contexto, as pregações calvinistas ganhavam novas dimensões entre os flamengos.
Adjunto a este fator, acrescentar-se-ia as más condições apenso à desordem econômica que assolavam as províncias unidas. Todavia, quando os descontentamentos de Luís de Nassau coadunados a outros setores da sociedade deram cabo a uma maior radicalização, percebera-se o afastamento dos nobres ante aos imbróglios armados. Após todo o desgaste, Guilherme de Nassau abandona os