Os invisíveis artistas da argila:
Um estudo sobre os artesãos ceramistas de Icoaraci/Belém-PA
Autora: Telma Saraiva dos Santos
Universidade de Malaga/ES
Saraiva5@hotmail.com
O rico patrimônio cultural em cerâmica deixada pelos indígenas marajoaras a mais ou menos mil anos, serviu de inspiração aos artesãos de Icoaraci, que conforme seus conhecimentos e técnicas reelaboraram suas produções, antes apenas utilitárias, o que os levou a conquistar o mercado nacional e em alguns momentos internacional e ao mesmo tempo contribuíram na criação de mais um elemento de identidade dos paraenses pelo valor histórico, artístico e o caráter da memória que os objetos arqueológicos emprestaram a cerâmica artesanal.
Na produção dos artesãos icoaracienses observamos uma perfeita harmonia entre a experiência sensível (apreensão do belo) e o conhecimento inteligível (conhecimento técnico), no momento em que transformam a matéria prima em novos objetos durante o ato da criação. Acrescente-se a isso, que eles não modificam realmente os tradicionais costumes de produção, e sim adicionam essa particularidade artística, que muitas vezes eles mesmos não reconhecem que as tem, como se não fizesse parte de seu metiê no momento de confeccionar seus objetos. Ainda hoje o senso comum vincula o fazer artesanal à idéia de produção de cópias, ou seja, sem interferências do artesão em sua produção. Deixando assim de se perceber que o mesmo desenvolve ao máximo o experimento artístico, tanto como experiência de aprimoramento, como conhecimento necessário para desenvolver a criação em seu trabalho, além de ser imprescindível para sobrevivência dele mesmo bem como para o grupo do qual faz parte e produz artesanato, e em última instância para a sociedade na qual está inserido porque contribui sempre com novos objetos de valor artístico e patrimonial por estabelecer fascinação através de seus atributos.
A reflexão que propomos