Os intelectuais, o estado e os meios de comunicação entrevista com noam chomsky
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Você foi convidado para vir ao Brasil pela ABRALIN (Associação Brasileira de Lingüística) como um lingüista. Por que você dedicou parte de sua agenda ao encontro com movimentos sociais?
Eu sempre faço isso. Eu acho que já faz 40 anos que eu tenho rodado o mundo para dar palestras sobre Lingüística. E eu sempre os combino. Na verdade, em geral eu busco os movimentos sociais e políticos e dou as palestras de Lingüística paralelamente sobre um assunto que haja interesse. Assim, se eu dou uma palestra nos Estados Unidos, por exemplo, para um movimento social no Colorado, ele normalmente casa com uma atividade no departamento de Lingüística que cobre a viagem. Mas esta atividade é sempre secundária. Não há nada de extraordinário nisso. Na verdade, os convites vêm de muitos grupos.
Anarquismo e Estado
Num artigo, "Goals and Visions", no seu novo livro Powers and Prospects, você diz que sendo um anarquista, seu objetivo a longo prazo é abolir o Estado, mas seus "objetivos a curto prazo são a defesa e mesmo o fortalecimento de elementos da autoridade de Estado [...] para impedir os esforços concentrados em atacar os progressos que foram conseguidos na extensão da democracia e dos direitos humanos". O que você quer dizer com fortalecer o Estado? Você quer dizer participação efetiva no Estado, por exemplo votando nos Democratas ou no Partido dos Trabalhadores? Se não, como você separa as coisas?
Isso foi uma palestra numa conferência anarquista e do meu ponto de vista, os movimentos libertários têm sido muito limitados, aderindo à doutrina de uma maneira fanática, sem preocupação com as conseqüências humanas. Do meu ponto de vista (e do ponto de vista de alguns outros) o Estado é uma instituição