Os governos militares e suas politicas na amazonia

OS GOVERNOS MILITARES E SUAS POLITICAS NA AMAZONIA É possível afirmar que grande parte da bibliografia que atualmente aborda a região amazônica, em seus diferentes ângulos, tende a fazê-lo enfatizando dois marcos. De um lado, assinalando o processo de desmando e de destruição a que a região foi submetida, e, de outro, associando esse processo à instauração dos governos militares. Exemplos aleatórios, de diversas procedências. permitem elucidar esta afirmação. Becker, em excelente trabalho, aponta nessa direção e vai além, dizendo que, apesar de todos os estudos já existentes, o “conhecimento objetiva dos fatos” sobre a região tem sido prejudicado pela “centralização da informação e da decisão no regime militar que vigorou por vinte anos” (1990, p. 7). Esterci (1979), analisando a questão da mão-de-obra, considera 1964 como o início de uma etapa em que se instaura a “escravização” do trabalho na região. Nessa mesma linha, Lutzemberger denuncia a destruição da região, afirmando que ela foi “conduzida sistematicamente em nome do ‘progresso’. O governo brasileiro, a ditadura militar que assumiu o poder em 1964, fixou a rota para o ‘desenvolvimento’ a qualquer custo. Seu conceito de desenvolvimento era o tecnocrata, um modelo econômico arquitetado de modo a tornar os fortes cada vez mais fortes e os pobres cada vez mais fracos” (1990, p. 57). A demolição da Amazônia davase, de acordo com esse raciocínio, por meio de dois eixos: (a) avanço das multinacionais, da indústria extrativa de mineração e da pecuária; (b) fixação desordenada de colonos e pequenos agricultores. Sobre este último aspecto, o autor acrescenta que, do “ponto de vista ecológico, provavelmente os programas de assentamento são mais devastadores do que os projetos megatecnológicos” (p. 61). Neste tipo de colonização, a devastação, segundo o autor, é total, além de provocar a expulsão dos índios e dos seringueiros que “harmoniosamente” coabitavam na região. Frente a este quadro, Lutzemberger