os fins justificam os meios
2720 palavras
11 páginas
"Os fins justificam os meios", ignora-se o autor, mas não a frase. Ela tornou-se lema dos maquiavélicos. Ser maquiavélico seria não dar muita atenção à conduta praticada, mas apenas aos resultados que queira alcançar. Seria ter um descompromisso total com qualquer regra de conduta, com qualquer limitação moral ou até mesmo legal. Sendo o homem desejante, então o maquiavélico seria aquele que faz de tudo para alcançar seus desejos, pouco importando o que ou quem estaja no caminho. Seriam apenas meios, indiferentes, sem importância. Apenas os desejos importariam. Para defender Maquiavel do maquiavelismo que lhe atribuem, muitos autores observam que ele jamais escreveu que os fins justificam os meios. Que tal tradução seria uma verdadeira traição ao seu pensamento. Maquiavel não só não escreveu que os fins justificam os meios, como também não escreveu, literalmente, nenhuma das outras frases que lhe atribuem. A saída é procurar entender o que Maquiavel queria afirmar com a frase assim traduzida e só então julgar eventuais traduções e traições. O tema é jurídico e moral: até que ponto o príncipe deve manter a palavra empenhada? Moral por motivos óbvios, jurídicos porque a palavra do príncipe é lei, tratados, acordos internacionais e assim por diante. É palavra pública, não apenas privada. Ao responder à pergunta, Maquiavel distingue, em termos morais, duas ordens de palavras e de condutas: a dos homens comuns e a dos príncipes. No caso dos homens comuns, é correto que a palavra empenhada deve ser mantida. "Deve-se entender que um príncipe, especialmente se for novo, não pode observar tudo o que é considerado bom nos outros homem, sendo muitas vezes obrigado, para preservar o Estado, a agir contra a fé, a caridade, a humanidade e a religião. A regra que nos impõe a manutenção da palavra empenhada, a observação da fé, da caridade, da humanidade e da religião é moral, e seu propósito é tornar viável a vida entre iguais. Ela visa à convivência num ambiente onde a