Os estudos linguísticos na antiguidade
1. OS HINDUS
1.1 VEDAS
Vedas [conhecimento] é o nome dado à escritura sagrada dos hinduístas. Possui quatro livros: Rigveda, Yarjuveda, Samaveda e Atarvaveda. Admite-se ter sido escrita em sânscrito por volta de 1500 a.C. Na tradição religiosa, o texto foi dado à Brahma por Hayagriva, daí resulta a sua natureza religiosa. Com o passar do tempo, a leitura, o canto e a compreensão desses textos ficou comprometida pelo pouco conhecimento que havia a respeito do tipo de sânscrito contido nos Vedas. Isso estimulou o desenvolvimento de estudos filológicos a respeito das palavras no texto, que deveriam ser pronunciadas corretamente por conta de sua natureza religiosa. Esses primeiros estudos foram chamados de analíticos [Vyãkarana].
1.2 OS ESTUDOS FILOLÓGICOS INDIANOS
Os estudos filológicos sobre os Vedas resultaram em um tratado denominado de Explanação [Nirukta], produzido por Yãska, autor que admite-se ter vivido no século VII ou VI a.C., precursor do gramático Panini. É um estudo etimológico, lexical e semântico das palavras do Rigveda. Em termos lexicais ele define quatro categorias de palavras: substantivos [nama]; verbos [akhyata]; prefixos [upasarga] e preposições [nipata]. Mas foi Panini quem, no mesmo período que Yãska, escreveu uma gramática denominada de Oito Capítulos [Ashtadhyayi], onde descrevia detalhadamente as regras morfossintáticas do sânscrito. Afirma-se que a linguagem utilizada na gramática é hermética. Buscando superar essa deficiência, Katyayana [séc. III a.C.] produziu o Pequeno Comentário [Varttika] e Pantadjali [séc. II a.C.] escreveu o Grande Comentário [Mhãbhãsya], ambos os textos gravitavam em torno da gramática de Panini e tinham por objetivo não só esclarecê-la, mas avançar na questão da pronúncia correta das palavras dos Vedas. Estes estudos indianos de natureza filológica não se limitam à Antiguidade, pois no século VII d.C. esta longa tradição filológica resultou na produção de