Os erros da liberdade
Os erros da liberdade - Pierre Grimal
Dois problemas da liberdade
Thomas Nagel
Universidade de Nova Iorque
Algo de peculiar acontece quando olhamos a acção de um ponto de vista objectivo ou exterior. Alguns dos seus aspectos mais importantes parecem desaparecer sob o olhar objectivo. As acções parecem já não ter como fontes agentes individuais, mas tornar-se, em vez disso, componentes do fluxo de acontecimentos no mundo do qual o agente é parte. A maneira mais fácil de produzir este efeito é pensar na possibilidade de todas as acções serem causalmente determinadas, mas essa não é a única maneira. A fonte essencial do problema é uma concepção das pessoas e das suas acções como parte da ordem da natureza, causalmente determinada ou não. Esta concepção, se insistirmos, conduz ao sentimento de que não somos de maneira alguma agentes, de que estamos desamparados e não somos responsáveis pelo que fazemos. A visão interior do agente rebela-se contra este juízo. A questão é saber se ela pode manter-se contra os efeitos debilitantes de uma visão naturalista.
Na realidade, o ponto de vista objectivo origina três problemas acerca da acção. Desses, ocupar-me-ei apenas de dois. Ambos têm a ver com a liberdade. O primeiro problema, que me limitarei a descrever e deixar de lado, é o problema metafísico geral da natureza do agir. Esse pertence à filosofia da mente.
A questão "O que é a acção?" é muito mais vasta do que a questão do livre-arbítrio, porque se aplica até à actividade das aranhas e aos movimentos periféricos, inconscientes ou não intencionais dos seres humanos no decurso de actividade mais deliberada. Aplica-se a qualquer