Os enclaves fortificados promovem a segregação social, mas não impedem a criminalidade
RESUMO: A separação espacial das classes sociais provoca uma falsa sensação de segurança, que só poderá realmente ser conquistada por meio da responsabilidade social ativa.
O valor segurança é, juntamente com a paz mundial, o grande objetivo almejado pela sociedade contemporânea. Na busca pela realização de ambos, a partir da década de 80, houve uma proliferação de condomínios fechados, verdadeiros enclaves fortificados, onde a segurança dos moradores seria garantida por meio de sistemas de identificação de visitantes, alarmes e câmeras instaladas em áreas comuns, além de uma série de comodidades, como, por exemplo, loja de conveniências, academia, área de lazer e outras tantas facilidades capazes de reproduzir para os condôminos a sensação de se viver em sociedade quando, na verdade, o que ocorre em tais espaços é exatamente o contrário: a segregação social.
Viver em um condomínio fechado cria no indivíduo uma falsa sensação de segurança. Dentro dos limites de seu “território”, teoricamente, o cidadão está protegido. Há vigias por toda a parte, os moradores pertencem à mesma classe social, a entrada de estranhos só ocorre mediante autorização de condôminos. Os pobres ficam do lado de fora e, assim, não há insegurança do lado de dentro, pois os criminosos não transpõem os limites da fortaleza, destinada a proteger as pessoas de bem que ali habitam.
Com o passar dos anos esse tipo de moradia torna-se cada vez mais comum, cada vez mais sofisticada. Agora, além de protegerem a parcela “não criminosa” da sociedade, também se transformaram em um símbolo de status, de ostentação de riqueza e poder. Morar em uma cidade de muros é deixar bem claro para todos que se possui dinheiro e poder. Mas a realidade demonstra o quão fictícia é a segurança desses espaços residenciais.
A criminalidade é imanente à sociedade, pois existe desde que o ser humano passou a viver em