Os comentários de genesi de s. agostinho e a polémica copernicana
Contexto da Polémica No Prefácio do seu livro De Revolutionibus Orbium Coelestium dirigido em forma de Carta ao Papa Paulo III, Nicolau Copérnico (1473 – 1543) pressentiu que o iriam acusar de contrariar os dados bíblicos com a sua teoria heliocêntrica. Foi Joaquim Rético (1515 – 1574) quem defendeu a obra copernicana contra os ataques previstos. Desde o início que a proposta heliocêntrica pareceu uma ameaça à cosmovisão cristã, já que nos séculos XVI e XVII a interpretação bíblica estava dependente da cosmologia e filosofia natural de Aristóteles. Cosmologia essa geocentrista. A base da discussão era a exegese bíblica, a interpretação que deveria ser feita. O Concílio de Trento era citado em apoio da posição hermenêutica que fala da interpretação. E tradicional poderia não querer dizer literal. Por isso havia ainda espaço para interpretação do Decreto. Os defensores do geocentrismo consideravam que o Concílio confiramava a interpretação literal da Escritura. O Cardeal Roberto Bellarmino afirmava que mesmo os Padres e comentadores dos Génesis mantinham que, de acordo com a interpretação literal, o Sol estaria nos céus e mover-se-ia em torno da Terra imóvel. Na verdade a interpretação literal não era a única considerada tradicional, mas esta estava dividida em “própria” e “figurada”/metafórica. Porém para o Cardeal Bellarmino o sentido figurado só devia ser considerado nalguns casos bem determinados (como por exemplo, quando se dão figuras antropomórficas a Deus). S. Agostinho, em De Genesi distingue também entre sentido literal e figurado, interpreta a narração bíblica da criação nos dois sentidos e põe em segundo plano as questões cosmológicas, daí que dê aso a mais discussão. Ao longo deste texto iremos referir Rético, Galileu e Campanella na defesa copernicana, e Riccioli na defesa anticopernicana.
S. Agostinho e a interpretação literal da Bíblia Em 388 S. Agostinho