Os castanheiros na amazônia paraense
3. Negros Versus “Donos” dos Castanhais
A castanheira (Bertholletia excelsa) se desenvolve em climas equatoriais-úmidos e é encontrada esparsamente nas terras firmes de toda bacia amazônica. Caracteriza-se por concentrar-se espacialmente, formando castanhais e facilitando a coleta de seus frutos. Fruto este que no interior de sua casca dura (ouriço) guarda uma das mais cobiçadas especiarias amazônicas, a castanha-do-pará, consumida principalmente no exterior. A castanha é coletada nos meses de dezembro a maio, na época da chuva que lhe derruba os ouriços. Neste período os coletores autônomos e subordinados aos ‘donos’ dos castanhais subiam os rios e adentravam a mata para apanhar o produto. Existem três tipos de castanha-do-pará no mercado: a grande, a média e a miúda. A castanha grande é sobretudo encontrada no rio Trombetas e Cachorro, a média na região do Tocantins e em Marabá e a miúda encontra-se em Alenquer e no Acre (CRULS, 1930). No estado do Pará especialmente duas macroregiões são ricas em castanhais: o Sudeste Paraense e o Baixo Amazonas.
As áreas de castanhais, antes da chegada dos europeus, eram ocupadas por povos indígenas que coletavam a castanha para alimentação. Os colonizadores implantaram na
Amazônia uma economia estruturada na exploração capitalista dos recursos naturais, sob domínio do capital mercantil. Esse modelo de base extrativista/exportadora prosseguiu após o período cacaueiro, que vigorou até meados do século XVIII, com substituição do cacau por outros produtos cuja cotação destacara-se no mercado internacional, principalmente