OS BRICS E O G 20 FINANCEIRO
Renato Baumann1
O grupo dos BRICS pode ser um ´polo indutor de transformações institucionais no sistema internacional`?
A resposta, necessariamente especulativa, passa por identificar os fatos conhecidos e algumas possibilidades ainda a se materializarem, nas relações entre esses cinco países.
Trata-se de um agrupamento de países com algumas características em comum, e que a partir da divulgação dessa sigla têm se empenhado em promover convergência e encontrar elementos para uma atuação conjunta no cenário internacional. Como na peça de Beckett, há a expectativa da chegada eventual de um ´Godot` que proporcione um roteiro para que esses atores venham a desempenhar seus papéis de forma conjunta.
Entre suas características comuns estão as dimensões demográficas e geográficas e o potencial econômico, resultante do tamanho da população, do seu nível de renda e da estrutura produtiva instalada.
Esses são atributos com importância crescente, numa conjuntura de menor ritmo de atividade econômica, como nos países industrializados hoje. Isso aumenta as chances de que esses países continuem – no futuro próximo – a ter a oportunidade de participar de modo ativo nos principais fóruns multilaterais.
Existe, portanto, uma ´demanda` por uma potencial contribuição que os países BRICS possam fazer para promover a reativação do ritmo de atividade econômica no planeta.
Os BRICS têm sido até aqui um agrupamento de países com um processo ´ad hoc` de alinhamento. Há convergência de posições em alguns temas, enquanto outros assuntos são sensíveis demais para tanto.
Além disso, há problemas estruturais na composição do grupo. É um desafio lidar, por exemplo, com a crescente proeminência da economia chinesa no cenário internacional, assim como com as peculiaridades da economia russa, e ao mesmo tempo explorar uma agenda com interesses das economias em desenvolvimento. Ao parecer, da ótica brasileira, há afinidades mais frequentes com Índia e África do Sul