Os batalhadores brasileiros
Parte 3 – a religião do batalhador
Capitulo 10
Os batalhadores e o pentecostalismo: um encontro entre classe e religião
O pentecostalismo tem como característica geral o fato dela ser uma típica religião das classes dominadas, em sintonia com as formas modernas de exclusão e de dominação engendradas pelo capitalismo e pela modernidade.
No caso da América latina e especialmente no Brasil, o pentecostalismo foi capaz de atender as demandas de uma nova periferia urbana que se formava em virtude de uma maciça migração do campo para a cidade. O catolicismo magico que dominava o mundo rural perdeu seu espaço na periferia urbana para o pentecostalismo mágico marcante no neopentecostalismo.
A vida dos batalhadores se caracteriza por um esforço permanente para atualizar a crença em uma promessa de futuro. Continuar na fé é a grande batalha.Esse desafio define a estratégia do batalhador na vida social.
Desprovidos tanto de herança econômica como de herança cultural legitima (formação escolar) para afastar o risco de rebaixamento social e da vida sem dignidade os batalhadores partilham com a ralé estrutural a necessidade de construir a fé no futuro sem uma estratégia segura fundada numa posição social estável ocupada no presente.
Nesse sentido os batalhadores precisam lutar para que a derrota não seja antecipada no comportamento pratico, para que a crença em assegurar a dignidade não morra, para que o sujeito não se acomode com a sua condição de derrotado.
A vida religiosa do trabalhador se acopla a uma instituição cotidiana que produz a crença do futuro ,a socialização familiar e/ou interações face a face que buscam cumprir a função da família de antecipar as “ estruturas do mundo.”
O acoplamento entre a vida religiosa e as interações face a face (sobretudo a família ,mas não somente) permite a crença numa aliança com Deus seja atualiza no espaço da vida cotidiana.Esse parece ser um traço fundamental para compreender como o batalhador