Os adelfos
Antes de aprofundarmos nossa análise nesta comédia, falaremos um pouco sobre Terêncio. Ele era africano, nascido em Catargo, foi escravo de um senador – Terêncio Lucano – quem o levou para Roma, onde foi educado como homem livre. Esse traço bibliográfico tem grande merecimento em suas comédias, pois enfatizava a importância da família na formação dos jovens, no processo do “tornar-se homem”.
Terêncio uniu ao seu nome outros dois ficando Públio Terentius Afer, foi com este que fez representar em Roma suas peças. Mas o êxito, ao contrário do que sucedera com Plauto, foi quase nulo. Pois, diferentemente de Plauto, Terêncio é mais intelectualista. Inclinava-se à reflexão moralista. Por conta disto, nunca foi bem visto pelos romanos.
Em relação à comédia, vale salientar que os romanos refletiram sobre os seus modelos de educação, através da antítese entre as personagens, os irmãos Dêmea e Micião, um trazendo consigo a representação do modelo tradicional da educação camponesa e o outro representando um modelo mais livre, de educação citadina. Já que para Miciao não necessitaria usar sua autoridade, pois ele se fundamentava no diálogo. Como poderemos verificar na passagem a seguir:
“(...) não acho que seja necessário usar a cada passo da minha autoridade. E acostumei esse filho a não me ocultar nada daquilo que os outros fazem às escondidas dos pais (...) Acho que é melhor conter os filhos pelo sentimento da honra e pela lealdade do que pelo medo” (pp. 310)
Terêncio em sua comédia confronta um pai e um dono de escravos, que este último propõe a liberdade quando resulta na obediência gratuita. O escritor realiza essa comparação, pois ele considera que Dêmea tem criado Ctesifião coagido,