Origens do estado moderno
SOBRE AS ORIGENS E O DESENVOLVIMENTO DO ESTADO MODERNO NO OCIDENTE* Modesto Florenzano
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Na Introdução à sua A ética protestante e o espírito do capitalismo, Max Weber também incluiu o Estado ao lado do capitalismo e daqueles fenômenos culturais, que, por serem encontradiços em outros espaços e tempos, não podem ser considerados como uma criação exclusiva da Civilização Ocidental. Mas Weber procurou justamente demonstrar que somente na Civilização Ocidental teve lugar o desenvolvimento de um capitalismo racional, de fenômenos culturais dotados de “universal[idade] em seu valor e significado”, e o desenvolvimento de um Estado como uma “entidade política, com uma ‘Constituição’ racionalmente redigida, um Direito racionalmente ordenado, e uma administração orientada por regras racionais, as leis, e administrado por funcionários especializados”1.
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Este texto, originalmente intitulado “O Estado moderno: origens, componentes essenciais e evolução”, foi apresentado como prova de erudição no concurso de professor titular de História Moderna, que teve lugar em junho de 2006, na FFLCH-USP. Citações extraídas da edição da Livraria Pioneira Editora, p. 1 e 4.
Lua Nova, São Paulo, 71: 11-39, 2007
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Sobre as origens e o desenvolvimento do Estado moderno no Ocidente
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Dessa descrição de Weber, segue-se que o Estado, tomado em sentido estrito, como entidade política, dotado de todos aqueles atributos acima lembrados, não se encontra plenamente desenvolvido nem mesmo no Ocidente antes do século XVIII, mas tomado em sentido lato, como entidade de poder e/ou dominação, encontra-se em muitos outros lugares e épocas. Assim, dir-se-ia que para a instituição Estado vale, mais ainda, aquilo que K. Marx e Weber, de perspectivas opostas, disseram do capital e do capitalismo em geral, ou seja e respectivamente, que é ante-diluviano e pode ser encontrado em todas as sociedades em que existe dinheiro. Marx, sem esquecer F. Engels, diria que