Origenes
Orígenes foi aluno de Amônio Saccas e colega de Plotino em Roma.
Deu organização e vida à escola catequética de Alexandria, assimiliando os elementos da Paidéia (educação grega) na formação do cristão, segundo o programa proposto por Clemente.
Prezava as artes liberais (as 7 ciências básicas da antiguidade: o trivium, que se referia à linguagem, e o quadrivium, que se referia ao conhecimento matemático da natureza) e via nelas uma maneira de o homem se elevar até à filosofia propriamente dita.
O modelo axiomático-dedutivo da geometria lhe serviu como parâmetro para construir o conteúdo sistemático da doutrina da fé cristã. No "Perì Archôn" (Dos princípios), Orígenes sistematizou a teologia pela primeira vez, partindo dos princípios da realidade, do conhecimento e da fé, e tirando-lhes as consequências.
Orígenes foi também um grande hermeneuta dos escritos sagrados dos cristãos, retomando o método alegórico de interpretação, já iniciado por Filo de Alexandria.
Orígenes defendeu a integração entre a investigação da razão e a obediência da fé, diante do racionalismo dos pagãos (como Celso) ou diante do fideísmo dos cristãos (Tertuliano, por exemplo).
No "Contra Celso" Orígenes traz à fala a identidade do cristianismo: o cristianismo propõe a excelência da caridade, ali onde o grego põe a excelência da justiça; a redenção como obra da graça sobrenatural na história, ali onde o grego põe a inserção racional na ordem natural do universo; a encarnação de Deus, sua imanência no mundo terreno e seu amor pelos homens, ali onde o grego põe um Deus transcendente, supra-celeste, impessoal e indiferente, amado por todos como fim supremo, mas incapaz ele mesmo de amar; a fé de que a redenção alcança a carne humana e a matéria cósmica, de que essas são, na sua origem, obras da ação criadora de Deus e que serão, no fim, redimidas juntamente com o espírito, ali onde o grego recorre ao