origem do Chocolate
Entre os estudiosos, a razão da reverência vai além do paladar. O chocolate tem lugar cativo na história das colonizações: foi o primeiro sabor americano a ganhar uma boa clientela européia. É uma primazia considerável, se pensarmos na santíssima trindade das plantas avidamente incorporadas ao gosto do Velho Mundo – o chá e o café também foram adotados com prazer, mas o cacau chegou na frente.
Já na sua descoberta, não restaram dúvidas quanto ao caráter sagrado que lhe conferiam. No México, os conquistadores espanhóis, comandados por Hernán Cortés (1485-1547), o encontraram em lugar de honra: a mesa do imperador asteca Montezuma II (1466-1520). O cacau era mesmo vital tanto para aquela civilização como para os maias. Havia séculos que a fruta fazia parte das cerimônias religiosas, dos banquetes das elites e da própria vida econômica, sendo usada como moeda.
Os europeus não fizeram cerimônia na destruição completa dos templos e ídolos daqueles povos, e desprezaram a culinária nativa. Preferiam seu próprio pão de trigo e carne de boi a comer mandioca, répteis e insetos, e não abririam mão do vinho para beber o “pulque” (bebida fermentada à base de uma planta chamada agave). No entanto, aceitaram de bom grado o chocolate, espumante e avermelhado como o sangue.
Fria ou quente, a bebida era o fortificante ideal para os espanhóis nas longas marchas pelo território inexplorado. O cronista Gonzalo Fernández de Oviedo (1478-1557) recomendava seu uso também como cosmético, curativo para feridas e gordura para assar peixe. Sem descuidar, é claro, do potencial gastronômico. Os conquistadores não tardaram a inventar novos preparos, utilizando